domingo, 13 de abril de 2008

Um pouco de ficção.

O sol esquentava a cama e o seu rosto, mas a preguiça era maior e por isso ela continuava deitada. Empurrou o lençol para mais longe e observou a claridade que batia em suas pernas. Sentiu vontade de sorrir, sem motivo aparente. Olhou o relógio: já era hora de levantar, afinal um dia longo e atarefado a esperava ansiosamente.
Fez tudo como de costume, mas lhe parecia que cada aspecto do seu dia-a-dia - por mais simples que fosse - mostrava-se mais colorido, intenso e prazeroso. Foi para a rua, pegar aquele caminho tão rotineiro e sem graça. Surpreendeu-se, porém, com uma cidade que mostrava-se mais bonita. Até o ônibus cheio lhe pareceu menos penoso.
E desse modo as horas foram passando. A noite chegou e ela despediu-se de suas obrigações. Voltou para casa, tomou um banho e então sentou no sofá, com uma caneca de leite gelado na mão. Olhou para o lado e lá estava o telefone. Apertou o botão da secretária eletrônica, recostou-se no sofá e fechou os olhos, enquanto esperava a voz mecânica terminar sua fala programada. Nesse momento, enfim, a voz dele ecoou pela sala. Suas palavras tão bobas e comuns ganharam asas e começaram a dançar por todo o aposento.
O som de bip avisou que chegara o fim da mensagem. Ela abriu os olhos e deu de cara com seu reflexo na mesinha de centro. Tinha ares de criança e um sorriso inconsciente estampados no rosto. Colocou a caneca sobre o móvel, apagou a luz e deitou no sofá. Logo adormeceu.

De repente, acordou. Olhou para os lados e estava no quarto de hospital, de volta ao seu verdadeiro mundo. Fora tudo um sonho, lembranças de um passado recente que ela queria de volta.